
Vale ficar de olho
A chegada da H&M pode parecer apenas mais uma loja estrangeira, mas, na prática, representa a consolidação de um modelo de consumo que já mostra sinais de esgotamento em diversas partes do mundo. Em países onde o debate ambiental e regulatório está mais avançado — como França, Alemanha e Noruega — marcas como a H&M têm sido cada vez mais pressionadas por leis, consumidores e organizações ambientais a reverem suas práticas sociais e ambientais.
No Brasil, o cenário ainda é permissivo. Há pouca regulamentação, fiscalização ineficaz e uma base de consumidores que, muitas vezes, associa o “barato” a uma vantagem, sem considerar os custos ocultos para o meio ambiente e para os trabalhadores da cadeia têxtil.
Por isso, é necessário refletir:
Queremos esse tipo de consumo acelerado no nosso país?
Ou vamos apoiar quem já está construindo uma moda com mais propósito, justiça e menor impacto ambiental?
Alternativas existem — e estão bem aqui
O Brasil conta com uma cena crescente de moda consciente, circular e independente. São marcas e negócios que:
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Produzem em menor escala, com foco em qualidade e design atemporal;
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Utilizam tecidos reaproveitados e matérias-primas com menor impacto ambiental;
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Valorizam a mão de obra local, com pagamento justo e condições dignas de trabalho;
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Apostam em modelos de economia circular, como aluguel, troca, upcycling e brechós.
Esses empreendedores não oferecem apenas roupas — oferecem propósito, respeito aos ciclos naturais e humanos e constroem comunidades em torno de valores mais sustentáveis.
O papel do consumidor
Você não precisa abrir mão da moda para consumir de forma mais consciente. Algumas atitudes práticas já geram impacto positivo:
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Questione promessas ambientais genéricas e procure marcas com selos confiáveis e políticas claras;
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Prefira qualidade à quantidade: invista em peças que durem mais tempo;
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Apoie marcas locais e independentes: sua escolha fortalece economias justas e sustentáveis;
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Use, repare, troque, doe e revenda: prolongar a vida útil das roupas é um gesto responsável;
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Considere brechós e plataformas de moda circular: o que você procura já pode existir, em excelente estado e com um custo mais acessível.
Fontes:
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H&M Group Annual Report 2023
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Investigação da DR TV (Dinamarca), 2017
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Changing Markets Foundation – "Synthetics Anonymous" (2021)
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ONU Meio Ambiente
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ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil)