O mundo antes e depois do fast fashion: a virada que mudou nosso jeito de vestir (e de poluir)

Publicado em 30 de abril de 2025 às 14:11

Linha do tempo da moda: da sustentabilidade à urgência por mudança.

Antes da revolução industrial: moda artesanal e sustentável.

Antes do século XVIII, a moda era artesanal, feita sob medida por alfaiates e costureiras locais. Cada peça era única, durável e passava por poucas mãos até chegar ao consumidor. Esse modelo valorizava o trabalho manual, usava recursos locais e evitava desperdícios, gerando impacto ambiental mínimo.

Revolução industrial (1760–1850): o início da produção em massa.

Com a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, a introdução de máquinas a vapor e teares mecânicos transformou a produção têxtil. A fabricação em larga escala tornou as roupas mais acessíveis, mas também inaugurou um ciclo de consumo acelerado, aumento da exploração da mão de obra e crescimento da poluição.

Século XX: A popularização da moda e seus impactos.

Entre 1900 e 1950, o varejo de moda cresceu com o surgimento das primeiras lojas de departamento, como o Le Bon Marché, em Paris. As roupas se tornaram mais baratas e amplamente disponíveis, mas também mais descartáveis. A produção em massa passou a demandar grandes volumes de água e energia, ampliando os impactos ambientais.

Anos 1960 e 1970: moda consciente e reutilização.

Movimentos sociais e ambientais influenciaram a moda. Os brechós ganharam espaço, valorizando roupas de segunda mão e incentivando um consumo mais consciente. Esse período marcou um respiro diante da lógica de descarte, ao prolongar o uso das peças e reduzir resíduos têxteis.

Anos 1990: a explosão do fast fashion.

A década de 1990 viu o fast fashion dominar o mercado. Marcas passaram a lançar coleções semanalmente, incentivando o consumo rápido e o descarte frequente. O preço baixo escondia os custos ambientais e sociais: uso intensivo de recursos naturais, emissões de carbono e trabalho precarizado.

2000–2010: O fast fashion domina o mundo.

Com a globalização, gigantes como Zara, H&M e Forever 21 expandiram-se globalmente. O modelo baseado em velocidade e baixo custo transformou a indústria da moda em uma das mais poluentes do planeta. As consequências se intensificaram: esgotamento de recursos hídricos, degradação ambiental e volumes crescentes de lixo têxtil.

2010–2020: A Era do ultra fast fashion.

Plataformas como Shein e AliExpress elevaram o ritmo da moda a um novo patamar. Milhares de peças são lançadas diariamente, com produção baseada em dados e algoritmos. O consumo acelerado aumentou a geração de microplásticos e agravou os impactos na cadeia produtiva, desde a extração até o descarte.

2025 e além: qual moda queremos?

Vivemos uma encruzilhada. Podemos continuar sustentando um modelo predatório ou escolher um novo caminho pautado pela responsabilidade ambiental e social. Dois pilares orientam essa transição:

Slow Fashion: menos, com mais propósito.

  • Valorização da qualidade em vez da quantidade;

  • Produção ética e consumo consciente;

  • Respeito ao meio ambiente e às pessoas envolvidas na cadeia produtiva.

Economia circular: a moda que gira.

  • Reutilização, reparo e reciclagem de roupas;

  • Redução do desperdício e aumento da vida útil das peças;

  • Consumo colaborativo e novas formas de pensar o ciclo da moda.

Conclusão:

Repensar o consumo de moda não é apenas uma tendência — é uma urgência. É possível se vestir bem sem comprometer o futuro do planeta. Cabe a cada um de nós decidir qual legado queremos deixar.

Referências:

  • CNN Brasil. O que é 'fast fashion' e quais são os seus problemas?

  • WRI Brasil. Os impactos econômicos e sociais da 'fast fashion'

  • Jornal da USP. O modelo fast fashion de produção de vestuário causa danos ambientais e trabalho escravo.

  • Folha de S.Paulo. Os impactos da indústria da moda na sociedade e no planeta.

  • eCycle. Fast fashion devasta o planeta e impõe exploração e desperdício.