Linha do tempo da moda: da sustentabilidade à urgência por mudança.
Antes da revolução industrial: moda artesanal e sustentável.
Antes do século XVIII, a moda era artesanal, feita sob medida por alfaiates e costureiras locais. Cada peça era única, durável e passava por poucas mãos até chegar ao consumidor. Esse modelo valorizava o trabalho manual, usava recursos locais e evitava desperdícios, gerando impacto ambiental mínimo.
Revolução industrial (1760–1850): o início da produção em massa.
Com a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, a introdução de máquinas a vapor e teares mecânicos transformou a produção têxtil. A fabricação em larga escala tornou as roupas mais acessíveis, mas também inaugurou um ciclo de consumo acelerado, aumento da exploração da mão de obra e crescimento da poluição.
Século XX: A popularização da moda e seus impactos.
Entre 1900 e 1950, o varejo de moda cresceu com o surgimento das primeiras lojas de departamento, como o Le Bon Marché, em Paris. As roupas se tornaram mais baratas e amplamente disponíveis, mas também mais descartáveis. A produção em massa passou a demandar grandes volumes de água e energia, ampliando os impactos ambientais.
Anos 1960 e 1970: moda consciente e reutilização.
Movimentos sociais e ambientais influenciaram a moda. Os brechós ganharam espaço, valorizando roupas de segunda mão e incentivando um consumo mais consciente. Esse período marcou um respiro diante da lógica de descarte, ao prolongar o uso das peças e reduzir resíduos têxteis.
Anos 1990: a explosão do fast fashion.
A década de 1990 viu o fast fashion dominar o mercado. Marcas passaram a lançar coleções semanalmente, incentivando o consumo rápido e o descarte frequente. O preço baixo escondia os custos ambientais e sociais: uso intensivo de recursos naturais, emissões de carbono e trabalho precarizado.
2000–2010: O fast fashion domina o mundo.
Com a globalização, gigantes como Zara, H&M e Forever 21 expandiram-se globalmente. O modelo baseado em velocidade e baixo custo transformou a indústria da moda em uma das mais poluentes do planeta. As consequências se intensificaram: esgotamento de recursos hídricos, degradação ambiental e volumes crescentes de lixo têxtil.
2010–2020: A Era do ultra fast fashion.
Plataformas como Shein e AliExpress elevaram o ritmo da moda a um novo patamar. Milhares de peças são lançadas diariamente, com produção baseada em dados e algoritmos. O consumo acelerado aumentou a geração de microplásticos e agravou os impactos na cadeia produtiva, desde a extração até o descarte.
2025 e além: qual moda queremos?
Vivemos uma encruzilhada. Podemos continuar sustentando um modelo predatório ou escolher um novo caminho pautado pela responsabilidade ambiental e social. Dois pilares orientam essa transição:
Slow Fashion: menos, com mais propósito.
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Valorização da qualidade em vez da quantidade;
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Produção ética e consumo consciente;
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Respeito ao meio ambiente e às pessoas envolvidas na cadeia produtiva.
Economia circular: a moda que gira.
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Reutilização, reparo e reciclagem de roupas;
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Redução do desperdício e aumento da vida útil das peças;
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Consumo colaborativo e novas formas de pensar o ciclo da moda.
Conclusão:
Repensar o consumo de moda não é apenas uma tendência — é uma urgência. É possível se vestir bem sem comprometer o futuro do planeta. Cabe a cada um de nós decidir qual legado queremos deixar.
Referências:
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CNN Brasil. O que é 'fast fashion' e quais são os seus problemas?
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WRI Brasil. Os impactos econômicos e sociais da 'fast fashion'
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Jornal da USP. O modelo fast fashion de produção de vestuário causa danos ambientais e trabalho escravo.
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Folha de S.Paulo. Os impactos da indústria da moda na sociedade e no planeta.
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eCycle. Fast fashion devasta o planeta e impõe exploração e desperdício.