COP30 no Brasil: principais decisões e acordos dos primeiros dias

Publicado em 12 de novembro de 2025 às 15:22

Por Gabi Pereira 

COP30: Primeiros dias de discussões cruciais para o futuro climático global.

A COP30, conferência internacional sobre mudanças climáticas, começou com uma série de discussões que estabelecem o tom para a forma como o mundo enfrentará os desafios climáticos nas próximas décadas. Realizada em Belém, no Brasil, o evento atraiu líderes mundiais, ativistas, cientistas e organizações de diversas partes do planeta, todos em busca de soluções concretas para mitigar os efeitos da crise climática que já afeta diversas regiões do mundo.

Fundo de Perdas e Danos: um marco histórico.

Um dos maiores avanços dos primeiros dias da COP30 foi a discussão sobre o Fundo de Perdas e Danos, criado oficialmente na COP27, mas cuja operacionalização foi mais detalhada na conferência de 2025. Este fundo visa financiar a recuperação e adaptação dos países mais vulneráveis aos impactos irreparáveis das mudanças climáticas, como desastres naturais, secas prolongadas e inundações. Durante as negociações em Belém, os detalhes de como o fundo será implementado começaram a tomar forma, com um enfoque em que os países desenvolvidos, historicamente mais responsáveis pela crise climática, se comprometam a financiar este fundo para apoiar os países em desenvolvimento, que, embora mais afetados, têm menos recursos para enfrentar os desafios impostos pela mudança do clima.

Compromisso de US$ 100 bilhões por ano: pressão sobre países ricos.

Outro tema central da COP30 foi a renovação do compromisso de US$ 100 bilhões anuais em financiamento climático para os países em desenvolvimento, uma meta estabelecida na COP15 em 2009, mas que não foi alcançada até 2020 e foi adiada até 2025. Embora os países desenvolvidos tenham começado a destinar recursos, os fundos ainda são insuficientes para cobrir as crescentes necessidades de adaptação e mitigação climática. Na conferência, os países em desenvolvimento pressionaram para que os países ricos cumpram suas promessas e aumentem os investimentos, garantindo que os recursos cheguem efetivamente às populações mais vulneráveis.

O Acordo de Paris: desafios e avanços.

O Acordo de Paris continua sendo o principal marco para as políticas climáticas globais, com o objetivo de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais. Na COP30, os países focaram em como intensificar os esforços para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e cumprir as metas estabelecidas pelo acordo. A transição energética, com ênfase no abandono dos combustíveis fósseis e na adoção de fontes renováveis de energia, como solar e eólica, foi um ponto de discussão crucial. O Brasil, por exemplo, reafirmou seu compromisso de reduzir suas emissões em 50% até 2030, com foco na preservação da Amazônia e na promoção de práticas sustentáveis. No entanto, muitos cientistas alertam que os avanços ainda são insuficientes e que, sem compromissos mais rápidos e eficazes, o planeta enfrentará consequências catastróficas nas próximas décadas.

Transição energética justa: inclusão e capacitação.

A transição energética justa também foi tema recorrente durante os primeiros dias da COP30. A ideia central é que, ao reduzir a dependência de combustíveis fósseis, é essencial garantir que os trabalhadores de indústrias como a do carvão e do petróleo sejam capacitados e apoiados na transição para setores mais sustentáveis. Além disso, as populações vulneráveis, como os povos indígenas e as comunidades de baixa renda, não devem ser deixadas para trás nesse processo, pois são as mais afetadas pelas mudanças climáticas e, muitas vezes, as menos beneficiadas pelas políticas ambientais.

Tecnologia e inovação: O papel da ciência no combate às mudanças climáticas.

A inovação tecnológica foi outro ponto destacado na COP30, com especial atenção para as tecnologias limpas e as soluções baseadas na natureza. A captura de carbono, a eficiência energética e a restauração de ecossistemas foram apontadas como essenciais para alcançar as metas de neutralidade de carbono e evitar os piores cenários climáticos. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) apresentou novos dados sobre inovações em setores como a indústria pesada e a agricultura, indicando que, sem essas inovações, será impossível atingir as metas do Acordo de Paris.

O papel do Brasil na COP30: proteção da Amazônia e financiamento climático.

O Brasil tem desempenhado um papel crucial na COP30, com destaque para suas políticas de proteção da Amazônia e redução do desmatamento ilegal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que abriu a conferência, reafirmou o compromisso do país de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 50% até 2030, com foco na preservação da Amazônia e na implementação de políticas de restauração de ecossistemas. Lula também enfatizou a importância do financiamento climático e da cooperação internacional, destacando que, embora o Brasil esteja disposto a liderar as ações climáticas, o apoio financeiro de países desenvolvidos é fundamental para garantir a eficácia das políticas do país.

O caminho à frente: expectativas para os próximos dias da COP30.

Com o início das discussões e acordos importantes, a COP30 ainda tem muitos pontos a serem debatidos nos próximos dias. Espera-se que os países avancem em compromissos mais detalhados sobre financiamento climático, descarbonização, proteção de ecossistemas críticos e apoio às comunidades vulneráveis. As expectativas são altas para que a COP30 seja um marco decisivo na luta contra as mudanças climáticas, criando soluções financeiras, políticas e tecnológicas que possam realmente enfrentar a crise climática de forma eficaz e justa.

Fontes:

  • Fundo de Perdas e Danos - COP27

  • UNFCCC - Compromissos de Financiamento Climático

  • Acordo de Paris – ONU;

  • IPCC – Relatório de Mudanças Climáticas