Você sabia que quem faz suas roupas vive com menos de R$10 por dia?

Publicado em 8 de maio de 2025 às 19:47

A indústria da moda, frequentemente associada a glamour e tendências, esconde uma realidade sombria: milhões de trabalhadores, especialmente em países como Bangladesh, vivem em condições precárias, recebendo salários mínimos para produzir roupas que abastecem o mercado global.

Bangladesh: O Epicentro da Produção Têxtil Global

Bangladesh é o segundo maior exportador de vestuário do mundo, atrás apenas da China. A indústria têxtil representa cerca de 80% das exportações do país e emprega aproximadamente 4 milhões de pessoas, sendo a maioria mulheres. No entanto, apesar de sua importância econômica, os trabalhadores enfrentam salários extremamente baixos.

Em 2023, o salário mínimo mensal para trabalhadores do setor têxtil era de US$ 95 (aproximadamente R$ 470), o que equivale a cerca de R$ 15 por dia. No entanto, muitos trabalhadores recebem ainda menos, com relatos de salários diários próximos a R$ 10 ou até inferiores. (Fonte: CNN Brasil)

Rana Plaza: A Tragédia que Expondo a Face Oculta da Moda

Em 24 de abril de 2013, o edifício Rana Plaza, em Dhaka, Bangladesh, desabou, matando 1.134 pessoas e ferindo mais de 2.500. O prédio abrigava várias fábricas de roupas que produziam para marcas internacionais. Mesmo com sinais visíveis de rachaduras no dia anterior, os trabalhadores foram forçados a continuar suas atividades sob ameaça de perda salarial. (Fonte: Wikipédia, The Guardian)

A tragédia expôs as condições desumanas enfrentadas pelos trabalhadores da indústria da moda e levou à criação de iniciativas como o Acordo de Segurança de Incêndio e Edifícios em Bangladesh, com o objetivo de melhorar a segurança nas fábricas. (Fonte: Terra)

Condições de Trabalho e Exploração Contínua

Apesar de algumas melhorias após o desastre do Rana Plaza, muitos problemas ainda persistem. Trabalhadores continuam enfrentando jornadas exaustivas, ambientes inseguros e salários que não cobrem o custo de vida básico. Além disso, relatos de trabalho infantil e a falta de liberdade sindical. (Fontes: The Cut, Forbes, Portugal Têxtil)

A pressão por preços baixos e produção rápida, impulsionada pelas grandes marcas internacionais, contribui para a manutenção dessas condições, dificultando avanços significativos na melhoria do bem-estar dos trabalhadores.

O Papel do Consumidor na Mudança

Como consumidores, temos o poder de influenciar a indústria da moda por meio de escolhas conscientes:

  • Questionar a origem das roupas: Pergunte "Quem fez minhas roupas?" e busque informações sobre as práticas das marcas.

  • Apoiar marcas éticas: Prefira empresas que valorizam a transparência, pagam salários justos e garantem boas condições de trabalho.

  • Reduzir o consumo excessivo: Adote o slow fashion, priorizando qualidade sobre quantidade e reutilizando peças.

Conclusão

A realidade por trás das roupas que vestimos é marcada por exploração e desigualdade. Reconhecer essa situação e agir para promover mudanças é essencial para construir uma indústria da moda mais justa e humana. Cada escolha consciente do consumidor contribui para a transformação desse cenário.


Referências:

  1. CNN Brasil. "H&M, Levi's, Gap: marcas podem ser afetadas por protestos salariais em Bangladesh". Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/hm-levis-gap-marcas-podem-ser-afetadas-por-protestos-salariais-em-bangladesh

  2. The Guardian. "Abuses 'still rife': 10 years on from Bangladesh's Rana Plaza disaster". Disponível em: https://www.theguardian.com/world/2023/apr/24/10-years-on-bangladesh-rana-plaza-disaster-safety-garment-workers-rights-pay

  3. Fashion Revolution. "Rana Plaza 10 years on: A decade of progress". Disponível em: https://www.fashionrevolution.org/rana-plaza-10-years-on-a-decade-of-progress

  4. Portugal Têxtil. "Bangladesh mantém trabalho infantil". Disponível em: https://portugaltextil.com/bangladesh-mantem-trabalho-infantil/